Num recanto, entre pilhas de partituras e instrumentos, cinco jovens e emergentes músicos mineiros, o HEMATHACAMA, se concentram reunidos, marcados pela antecipada alegria de descobrir e ensaiar 17 composições, criadas ao longo de 35 anos, por Ian Guest e seu Lápis e Borracha. Apresentação a realizar nos teatros de São João del-Rei e Tiradentes MG.
Repertório selecionado, apropriado para uma formação camerística, com leveza na instrumentação. Na verdade, os arranjos foram feitos para os músicos convidados, jamais para determinados instrumentos. Gravar o concerto em CD ao vivo, sim, é o que era desejável, e foi realizado. (Flagrar o sabor do momento, e abrir mão dos recursos que um estúdio oferece.)
Seria o primeiro registro autoral, um tanto antológico, do compositor húngaro-mineiro que, com grande envolvimento, veio propor e compartilhar a experiência com seus doravante inseparáveis companheiros. HEnrique no vibrafone e marimba, MArlon no clarinete e saxofone, THAles no pandeiro e bandolim, CArlinhos na flauta, MArcio no violão sete cordas
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O CD
Quando o minúsculo e magrinho Lápis nasceu, já com esse nome, Borracha, sua irmã rechonchuda já sabia de muita coisa. No alto de sua sabedoria, ela não tolerava as travessuras do pequenino e levado menino de cabeça pontuda que se arriscava à toa e por todo o lado (o piso do quarto era de papel pautado), cheio de armações inconcebíveis e sem cabimento. Estava na cara: era só um toco de lápis, e ele aprontava (pois nem sabia que não sabia) e corria atrás de seu nariz. Borracha lhe dava rasteira onde podia, sem trégua. A alegria de dominar e desmanchar o pequeno lhe dava asas à fúria. Nascia a pior rivalidade da história: o menino fungava contrariado, e a menina ensaiava autoridade. Pois olha, meu caro! – percebe? – com suas pirraças e perseguições sem limites, eles estavam para revirar tudo em volta, nada deixando intacto! Brotava, dessa energia toda, uma ENORME alegria! Estavam, os dois, descobrindo e inventando o mundo. Estavam criando.IAN GUEST